Manivando na Chiquita
A festa já tem a cara dele.Vestido com plumas brancas e um corpete dourado, que vinha com uma espécie de asas, Eloy Iglesias só faltou voar em cima da multidão. No sábado antecedente do Círio, a Praça da República brilhava e cantava junto, na voz dele, os ídolos : Cazuza, Cassia Eller, Renato Russo...
Mestre de cerimônia e organizador-fundador da festa, Eloy tem orgulho de depois quase trinta anos, ter conseguido organizar e desmarginalizar a Chiquita: “Essa festa é a maior prova de amor que os gays poderiam fazer para a Nossa senhora, eu não vejo nada de profano nisso. Somos livres e a nossa fé também. A Chiquita é um território livre, aberto a todas as crenças e tendências”, desabafa.
No camarim ele atendia atentamente todos os jornalistas, fãs e amigos que puxavam assunto. E disparou: “Vocês universitários tem que se colocar, essa coisa de aparelhagem faz de vocês idiotas...vocês tem é que estudar e prestar mais atenção na vida.”
Então vamos ao que interessa:
Como surgiu a idéia da festa ?
Eloy: Era um encontro de amigos gays no começo, a gente se reunia no bar do parque, tomava uma cerveja e falávamos besteiras. Em 1976, quando teve o seu início, não passava de uma reunião de artistas, intelectuais e jornalistas.Depois a coisa começou a se espalhar...Quando vi já tínhamos uma legião de gente entrando nessa história.
E como você vê hoje a festa com tanta gente que vem só por diversão ou curiosidade, que não é necessariamente GLBT?
Eloy: Acho lindo, porque é uma prova que conseguimos chegar a sociedade de alguma forma, começar a acabar com esse preconceito imbecil. E acho que o gay esta aprendendo cada dia mais a se colocar e as pessoas também estão mais abertas para compreender o nosso mundo, que é o mesmo mundo de todos.
E como você se sente sendo o “patrono” de tanta gente, servindo de exemplo de liberdade sexual ?
Eloy: Mana, eu me sinto muito feliz, me preparo todo ano, escolho a roupa mais luxuosa, vou lá canto, passo a nossa mensagem. Liberdade sexual é tudo, mas tem que ter informação, e é isso que a gente está se preocupando agora, em levar para a comunidade GLSBT essa consciência. Nem tudo é só festa, não.
Ainda tem quem queira “boicotar” a festa da Chiquita ?
Eloy: É o que mais tem. A festa sempre incomodou o lado conservador e reacionário da comunidade católica de Belém, que ainda não digeriu a máxima de Dalcídio Jurandir, que interpretou o Círio de Nazaré como um carnaval devoto. A Festa da Chiquita, é o lado carnavalesco do Círio.
Eloy: Eu sou de todos, meu corpo é do mundo. A Chiquita tem vida própria, não depende mais de mim para acontecer...E quer saber ?Ninguém é de ninguém!
Pois então,depois de gargalhadas altas, cantando a "Chiquita Bacana", Eloy sai do camarim e vai para o palco terminar o que começou: "Pega fogo cabaré!", anuncia.
E a Menina Maniva foi engrossar o caldo, misturando-se a multidão.
Marcadores: Círio, fé, festa da Chiquita, profano
2 Comentários:
Às 22 de outubro de 2007 às 07:28 , Luciano Santa Brígida disse...
Gostei da entrevista, menina do SPAM Blog. auehaueauhua...
Às 22 de outubro de 2007 às 21:15 , Unknown disse...
Olá Menina do Spam do Blog...
A entrevista ficou ótima, inclusive a linkei teu blog no texto que fiz sobre a festa da Chiquita no meu blog: http://tinyurl.com/ywobhs
Quando tiver tempo faz uma visitinha ao meu blog.
Beijos,
Pedrox
http://blogdopedrox.wordpress.com/
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