Tupinambalismo x Tropicalismo: sufixos podem confundir, não se iluda
Para quem não sabe, o "Treme terra Tupinambá" é uma aparelhagem conhecida em nosso estado, que toca technobrega, melodys românticos e todo o tipo de ritmo dançante. Ficou conhecido pelo jargão "Faz o T", musicado pela Banda Technoshow, a qual a vocalista é Gaby Amarantos;
O Tupinambalismo é um fenômeno recente, não tem mais do que 5 anos de existência, mas já arrasta multidões.
Bom, agora vamos voltar 40 anos no tempo:
Fim da década de sessenta, ditadura militar, repressão, músicas politizadas e com foco social, luta pela democracia e liberdade de expressão.
Caetano, Gil, Rita Lee, Raul Seixas, todos artistas Tropicalistas, que eram movidos pelo estímulo de cantar o Brasil, de cantar no Brasil para o Brasil, criando uma identidade musical para que em qualquer parte do mundo fossemos escutados e reconhecidos.
Ok, Ok. Vamos abrir mais um parêntese nessa análise, que não pretende comparar, fazer julgamentos de valores nem de qualidade musical, que fique claro.
Semana passada uma série de matérias no maior Jornal do Norte e Nordeste do país, comemorou os 40 anos do movimento Tropicalista, mostrando suas origens, principais artistas, e lembrando a "geléia geral brasileira" da música naquela época.
A princípio achei uma louvável tentativa de "atualizar a geração coca-cola" (a qual faço parte), das verdadeiras raízes da nossa música que ainda hoje são referências para muitos artistas e bandas. Mas passou quarta, quinta..."Bom, na sexta vêm o melhor",pensei.
Gaby Amarantos e Nilson Chaves.
Entrevistados principais da matéria de sexta.
...
Claro que o jornalista-saudoso teria que encerrar a matéria “regionalizando”, mostrando as "vertentes do Tropicalismo" no nosso Estado, se não a matéria não teria sentido, né ? Para quê se dar o trabalho de procurar artistas que realmente foram influenciados pelo movimento ? Ah, não...A Gaby é um fenômeno em ascenssão e o Nilson é uma entidade-museu da música paraense. Melhores exemplos para o maior jornal do norte e nordeste, impossível.
Ele só esqueceu que a igualdade de sufixos na lingua portuguesa não diz muita coisa na linguagem musical.
Ou talvez ele nem conheça de fato o que é Tupinambalismo, e sobre a linha do equador, quis aproximar o nosso clima tropical, da música tropical.
Esqueceu que termômetros não medem estímulos musicais.
Enfim, agora leiam trechos dos "filhos do tropicalismo" e tirem suas conclusões:
"Nilson Chaves compara a música com uma casa e conclui que 'muitos compositores e movimentos têm uma sala arrumadinha, toda bonitinha, um quarto bem transadinho, e por isso previsível. Já os tropicalistas pintaram tudo de cores surpreendentes, mudaram a posição dos móveis, romperam com tudo. Esta, para mim, é a maior lição da Tropicália: eles tinham atitude. É preciso ter atitude!'
(Põe tapioca,põe farinha d'água...Hã ? Atitude ? Depois da sesta,né Nilson, claro.)
Ao ser questionada pela suposta "pobreza" das letras do Technobrega, Gaby responde:
"Dizem principalmente que as letras são pobres. Tudo bem. Agora, na época da própria Tropicália, tinha muita coisa pobre, até porque o parâmetro era o Vinicius de Morais. A Jovem Guarda não era acusada de pobreza intelectual? Agora, sob o ponto de vista da pesquisa musical, de trazer elementos novos para a música, e com a nossa cara, disso não podem acusar o technobrega..."
(HAHAHA-É, Gaby, agora quais são os novos parâmetros ? Realmente, vamos assumir nossa mediocridade...)
Entender o significado de uma manifestação, seja ela política, religiosa ou cultural requer um olhar ampliado do sistema das relações sociais e de mercado.
Entender que Tropicalismo nada tem a ver com Tupinambalismo seria no mínimo, obrigação de qualquer jornalista acostumado com os truques dessa indústria musical repetitiva e manipuladora.
Entender que a Gaby tem o seu ritmo, seu molejo todo particular, seu público fiel, seu cachê justo e seu espaço na mídia, é compreensível.
Entender que Nilson Chaves já não toma açaí com tapioca e farinha d'água há tempos, seria no mínimo questionar a inércia do artista-entidade-paraense.
Permita-me uma comparação um pouco esdrúxula:
Sabe quando vamos a uma lanchonete e pedimos um sanduba "À moda da casa" e vem um "X- Tudo", sem nenhum sabor especial ?
Bom, é mais ou menos isso. Tentar forçar uma identidade sem ao menos questionar esses padrões musicais é que torna pobre esse tipo de análise. Tudo fica tendencioso, "puxando a sardinha pro nosso lado",como dizem.
Gente, olha quem fala, a menina-maniva, blog mais regionalista que isso, só o "pai d'égua"...
Bom,ok. Mas aqui eu sei dividir muito bem o que entra e o que não entra no meu estômago. Tucupi é tucupi. Maniva é Maniva.
E o Tupinambalismo que me perdoe, mas de tropicália vocês só tem aqueles amiguinhos, daquela outra banda...de Forró ?
Ah...essa discussão vai para outra panela, porque aqui a maniva já ta fervendo e transbordando.
O Tupinambalismo é um fenômeno recente, não tem mais do que 5 anos de existência, mas já arrasta multidões.
Bom, agora vamos voltar 40 anos no tempo:
Fim da década de sessenta, ditadura militar, repressão, músicas politizadas e com foco social, luta pela democracia e liberdade de expressão.
Caetano, Gil, Rita Lee, Raul Seixas, todos artistas Tropicalistas, que eram movidos pelo estímulo de cantar o Brasil, de cantar no Brasil para o Brasil, criando uma identidade musical para que em qualquer parte do mundo fossemos escutados e reconhecidos.
Ok, Ok. Vamos abrir mais um parêntese nessa análise, que não pretende comparar, fazer julgamentos de valores nem de qualidade musical, que fique claro.
Semana passada uma série de matérias no maior Jornal do Norte e Nordeste do país, comemorou os 40 anos do movimento Tropicalista, mostrando suas origens, principais artistas, e lembrando a "geléia geral brasileira" da música naquela época.
A princípio achei uma louvável tentativa de "atualizar a geração coca-cola" (a qual faço parte), das verdadeiras raízes da nossa música que ainda hoje são referências para muitos artistas e bandas. Mas passou quarta, quinta..."Bom, na sexta vêm o melhor",pensei.
Gaby Amarantos e Nilson Chaves.
Entrevistados principais da matéria de sexta.
...
Claro que o jornalista-saudoso teria que encerrar a matéria “regionalizando”, mostrando as "vertentes do Tropicalismo" no nosso Estado, se não a matéria não teria sentido, né ? Para quê se dar o trabalho de procurar artistas que realmente foram influenciados pelo movimento ? Ah, não...A Gaby é um fenômeno em ascenssão e o Nilson é uma entidade-museu da música paraense. Melhores exemplos para o maior jornal do norte e nordeste, impossível.
Ele só esqueceu que a igualdade de sufixos na lingua portuguesa não diz muita coisa na linguagem musical.
Ou talvez ele nem conheça de fato o que é Tupinambalismo, e sobre a linha do equador, quis aproximar o nosso clima tropical, da música tropical.
Esqueceu que termômetros não medem estímulos musicais.
Enfim, agora leiam trechos dos "filhos do tropicalismo" e tirem suas conclusões:
"Nilson Chaves compara a música com uma casa e conclui que 'muitos compositores e movimentos têm uma sala arrumadinha, toda bonitinha, um quarto bem transadinho, e por isso previsível. Já os tropicalistas pintaram tudo de cores surpreendentes, mudaram a posição dos móveis, romperam com tudo. Esta, para mim, é a maior lição da Tropicália: eles tinham atitude. É preciso ter atitude!'
(Põe tapioca,põe farinha d'água...Hã ? Atitude ? Depois da sesta,né Nilson, claro.)
Ao ser questionada pela suposta "pobreza" das letras do Technobrega, Gaby responde:
"Dizem principalmente que as letras são pobres. Tudo bem. Agora, na época da própria Tropicália, tinha muita coisa pobre, até porque o parâmetro era o Vinicius de Morais. A Jovem Guarda não era acusada de pobreza intelectual? Agora, sob o ponto de vista da pesquisa musical, de trazer elementos novos para a música, e com a nossa cara, disso não podem acusar o technobrega..."
(HAHAHA-É, Gaby, agora quais são os novos parâmetros ? Realmente, vamos assumir nossa mediocridade...)
Entender o significado de uma manifestação, seja ela política, religiosa ou cultural requer um olhar ampliado do sistema das relações sociais e de mercado.
Entender que Tropicalismo nada tem a ver com Tupinambalismo seria no mínimo, obrigação de qualquer jornalista acostumado com os truques dessa indústria musical repetitiva e manipuladora.
Entender que a Gaby tem o seu ritmo, seu molejo todo particular, seu público fiel, seu cachê justo e seu espaço na mídia, é compreensível.
Entender que Nilson Chaves já não toma açaí com tapioca e farinha d'água há tempos, seria no mínimo questionar a inércia do artista-entidade-paraense.
Permita-me uma comparação um pouco esdrúxula:
Sabe quando vamos a uma lanchonete e pedimos um sanduba "À moda da casa" e vem um "X- Tudo", sem nenhum sabor especial ?
Bom, é mais ou menos isso. Tentar forçar uma identidade sem ao menos questionar esses padrões musicais é que torna pobre esse tipo de análise. Tudo fica tendencioso, "puxando a sardinha pro nosso lado",como dizem.
Gente, olha quem fala, a menina-maniva, blog mais regionalista que isso, só o "pai d'égua"...
Bom,ok. Mas aqui eu sei dividir muito bem o que entra e o que não entra no meu estômago. Tucupi é tucupi. Maniva é Maniva.
E o Tupinambalismo que me perdoe, mas de tropicália vocês só tem aqueles amiguinhos, daquela outra banda...de Forró ?
Ah...essa discussão vai para outra panela, porque aqui a maniva já ta fervendo e transbordando.
Marcadores: Música, Tropicalismo, Tupinambá
3 Comentários:
Às 6 de novembro de 2007 às 11:53 , Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Às 6 de novembro de 2007 às 12:02 , Chega-te a mim disse...
Quando conversamos no dia em que nos conhecemos, nós falamos a respeito de uma cena pro jornalismo paraense... Aquela que faltava: UM QUÊ DE CRIATIVIDADE, recordas?! Ainda no comecinho, (no começo do começo) porque ainda estamos trilhando nossos caminhos. Vejo em teus textos uma inconformidade, o interessante para ti é o que passa despercebido pela vida generalizada desse jornalismozinho cultural de quinta, não somente por aí, mas em outros monstruosos periódicos desse mundo. Não vou falar sobre o conteúdo deste texto, mas sobre a estética que é BOA, verdadeiramente BOA! BRAVO! Simples, explicativo, ácido e feminino.
Sucesso Marcinha, apesar de não tão amigas, admiração e bons fluidos podem ser gratuitos às boas pessoas. FAÇA ACONTECER!
Às 9 de novembro de 2007 às 15:44 , Palo disse...
Tá bom, mas tbm não transforma em heróicos os movimentos culturais da década de 60, né? Naquela época já existia manipulação midiática e esses bons músicos que você citou têm um pezinho ali nos grandes festivais e eventos musicais, totalmente integrados ao mundo ideal regido pelo Estado.
Não cai na ingenuidade.
Fora isso, nem tem o que falar do nojo que é o jornalismo da linhagem Maiorana, a comunicação ali é um ataque bárbaro ao bom senso.
E outra que essa vibe de Tupinambalismo é uma ofensa aos Tupinambás e ao, como vc mesma falou, sufixo de intensidade ISMO...
Eu queria ler na íntegra essa reportagem. Achei boboca a proposta da matéria...
bom, bjos, gata!
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