A concha
Minha mãe me falou que a coisa mais legal do casamento é dormir junto, dividir a cama. Cada um no seu espaço, com a autonomia de unir os corpos a hora que quiser. E depois de um tempo vem o costume do corpo ao lado, a necessidade de tocar alguém que você sabe que está num sono profundo, longe, e ao mesmo tempo muito próximo. Um conforto para alma, segundo minha querida Mother.
Com um namoro longo na bagagem e algumas noites mal dormidas, descobri a forma de dormir quase sentindo o corpo todo do outro: A concha. Aquela que abre e fecha perfeitamente, encaixa, e guarda as melhores pérolas no escuro da noite.
Dormir fora era utopia na adolescência. Hoje, basta avisar. Basta encontrar uma concha disponível. Mas nem todo bom amante sabe dormir junto. Dividir o sono é quase uma arte que requer prática e tato, muito tato. É bom evitar movimentos bruscos, respirações profundas, gases dispersados sem querer. Puxar o lençol, passar as pernas por cima do outro ou roncar, nem pensar.
Na concha qualquer sussurro é amplificado. Ele está ali, ao pé do ouvido, te contando com a respiração todo o cansaço do dia. E você se sente a mais preciosa jóia, em estado bruto. Nua e protegida.
Passam as horas, a madrugada toma conta, a concha se movimenta. É bom saber amansar o mar dos lençóis junto com ela, deixar-se levar ou não sonhar jamais. Para dormir a dois, engana-se quem pensa que o mais importante é não incomodar o outro. O que vale é estar com os sentidos aguçados, com o corpo pleno.
E depois que sono profundo chega, dependendo da troca de energias e sensações, podem vir sonhos bandidos, sexuais ou uma revirada na cama com direito a suor na testa. Ah, o corpo gruda no outro, depois de um tempo. Será que é pra desgrudar e correr o risco de acordar? Só se for para procurar mais sono no corpo do outro, cansar, e depois sonhar acordado. Essa equação ultrapassa a simplicidade do “dois mais dois”.
Bom, para casar é preciso encontrar a concha perfeita, minha Mãe está certa. Não que eu esteja pensando em casamento, que fique claro. Acho que isso é saudade de ter uma concha. Existem muitas no mar, porém, poucas dispostas a se abrir e encaixar.
A Menina Maniva é espaçosa, não sabe ainda dormir a dois. E nem é muito chegada a mariscos, a não ser que a concha guarde uma pérola verde-maniçoba.
Com um namoro longo na bagagem e algumas noites mal dormidas, descobri a forma de dormir quase sentindo o corpo todo do outro: A concha. Aquela que abre e fecha perfeitamente, encaixa, e guarda as melhores pérolas no escuro da noite.
Dormir fora era utopia na adolescência. Hoje, basta avisar. Basta encontrar uma concha disponível. Mas nem todo bom amante sabe dormir junto. Dividir o sono é quase uma arte que requer prática e tato, muito tato. É bom evitar movimentos bruscos, respirações profundas, gases dispersados sem querer. Puxar o lençol, passar as pernas por cima do outro ou roncar, nem pensar.
Na concha qualquer sussurro é amplificado. Ele está ali, ao pé do ouvido, te contando com a respiração todo o cansaço do dia. E você se sente a mais preciosa jóia, em estado bruto. Nua e protegida.
Passam as horas, a madrugada toma conta, a concha se movimenta. É bom saber amansar o mar dos lençóis junto com ela, deixar-se levar ou não sonhar jamais. Para dormir a dois, engana-se quem pensa que o mais importante é não incomodar o outro. O que vale é estar com os sentidos aguçados, com o corpo pleno.
E depois que sono profundo chega, dependendo da troca de energias e sensações, podem vir sonhos bandidos, sexuais ou uma revirada na cama com direito a suor na testa. Ah, o corpo gruda no outro, depois de um tempo. Será que é pra desgrudar e correr o risco de acordar? Só se for para procurar mais sono no corpo do outro, cansar, e depois sonhar acordado. Essa equação ultrapassa a simplicidade do “dois mais dois”.
Bom, para casar é preciso encontrar a concha perfeita, minha Mãe está certa. Não que eu esteja pensando em casamento, que fique claro. Acho que isso é saudade de ter uma concha. Existem muitas no mar, porém, poucas dispostas a se abrir e encaixar.
A Menina Maniva é espaçosa, não sabe ainda dormir a dois. E nem é muito chegada a mariscos, a não ser que a concha guarde uma pérola verde-maniçoba.
3 Comentários:
Às 9 de outubro de 2008 às 17:02 , Mah Jardim disse...
Adorei o texto
:D
Às 17 de janeiro de 2009 às 09:35 , Les Amis de la cuisine disse...
Dormir de conchinha é uma arte. As vértebras encaixando uma a uma no tórax dele ou as dele nos seios dela sufocando. A respiração sincronizando e os suspiros expelidos em uníssono. Se te viro me reviras, se te dou as costas torna-te minha manta. Gabi, vais aprender, és uma artista, só te falta o fruto... da Mar... sacou?
Às 5 de fevereiro de 2011 às 11:35 , Levi Menezes disse...
Muito bacana o seu texto, Márcia.
De minha parte, sou como a Menina Maniva. Também não sei dormir a dois. Sou muito espaçoso e calorento. Por isso comprei uma cama king size e um ar condicionado.
;-)
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