"Só não vai quem já morreu..."
Eu queria escrever um texto sobre o carnaval. Sobre a purpurina e a animação que banha esses dias de fevereiro. Eu queria falar sobre os blocos de rua que animam a cidade nos finais de semana, sobre os personagens impagáveis que circulam alegremente sem vergonha de ser feliz, com suas fantasias a mostra. Queria comentar sobre essa gente que trabalha o ano todo para desfilar um dia, e ainda na Aldeia Cabana sem a mínima estrutura, sendo julgado por gente que muitas vezes nem entende o que realmente significa carnaval.
Mas eu não vou falar de nada disso porque seria vestir a máscara de toda essa hipocrisia.
A Menina Maniva foi criada para ser sincera ao extremo, e continuará sendo, mesmo em épocas de folia.
Vou vestir o meu colete a prova de balas agora, para terminar esse texto com palavras dignas de qualquer tiroteio em praça pública.
Não quero usar expressões tipo, "reféns do medo", "brincando de policia e ladrão". Como podem perceber eu sei mais do que não quero dizer. O que realmente quer sair de mim têm o tom de desabafo. É difícil tentar colocar as coisas de forma diferente quando toda a notícia parece sempre igual. Quando todo mundo parece decorar a opinião de alguém e passa-la a diante. Então, o que eu quero passar a diante aqui é a minha indignação por mais natural que ela possa parecer nos dias de hoje.
Não eram fogos, meu amor, eram balas. Você ainda quer pular carnaval na cidade velha ? A polícia vai te proteger sim. Acredite. A não ser que tenha uma manifestação dos ambulantes na Av. Presidente Vargas e todo batalhão esteja ocupado.
Vou começar a beber dessa bebida amarga que é a covardia. Por isso, já sei até qual é o acessório certo para se usar nesse carnaval, já até encomendei o meu e vou mandar benzer: Cinturão de couro, mano. Só ele vai te proteger. Têm um campo magnético que afasta balas.
Agora se você quiser arrumar um namorado nessa época, muito cuidado, têm gente atirando para todo lado. E é melhor não comprar o tal cinturão, neste caso, se não nenhuma "pistola" se aproximará de você, a não ser a de bandidos.
Têm que ter bom humor minha gente, tem que dar cerveja para a indignação e dançar ao som das marchinhas. Porque esse carnaval só é violento com quem não está bêbado. Nesse estado é até legal virar refém e correr risco de passar o carnaval debaixo da terra, fantasiado de caveira. Atrás do trio elétrico só não vai quem já morreu, não é mesmo?
Eu estou bem viva. No próximo bloco dos mascarados reféns de rua, me chamem, por favor. Quero saber onde a banda vai passar que eu vou passar longe.
A Menina Maniva cai na covardia se eles chamam isso de carnaval de alegria. Não consegue usar o cinturão de couro por muito tempo,não.
Carnaval inesquecível na Cidade Alta- Mundo Livre S/A **(Assista!)**
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