Menina Maniva

A que veio da mandioca, a parte venenosa, com muita clorofila, que precisa de sete dias para ser digerida. Isso porque não é qualquer um que encara a "pratada": Quente, calórica e pesada. Aparência nada amigável, sabor incomparável.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Terapias alternativas para dores interativas


Um amigo sábio orientou a Menina Maniva tempos atrás sobre as prováveis dores do coração ou da solidão: "Mastiga a crise,nêga! Mastiga e começa digestão!".
Ele dizia isso porque tinha lindos dentes e voz melodiosa para acalmar a crise antes de devorá-la. Tinha suas terapias alternativas internas.
Ninguém sofre por acaso, meu bem. Às vezes, a gente sofre por puro existencialismo barato, por tudo que nos repetem sobre o amor-utopia, desde pirralhinhos. Ou porque parece que se não sofrermos pelo “fulano” que nos levou pra jantar, tomar o melhor vinho, com melhor canção de Sinatra ao fundo, que fez sexo desvairadamente a noite inteira e ainda deu beijo com bafo pela manhã, e não liga a uma semana, somos mulheres fáceis, porcas, sujas e insensíveis. Não somos dignas de um namorado como o “fulano”, perfeito.
Mastiga, nêga. Mastiga de “cum força”! Agora, de boca fechada para não perder a classe, né?
Eu sei que existem dores que parecem transbordar por entre os poros, só as lágrimas já não bastam. Parece que a energia das relações humanas é tão forte que até o cobrador de ônibus conferiu o troco para você e puxou o sinal no ponto que você desce, por puro dó da sua carinha de enferma. Ah, eu sei como é isso. Nem um lápis no olho você teve coragem de passar. Mas para toda dor interativa mundana como essa, existe uma terapia alternativa. Eis o ponto G de toda essa gozação com o nosso sofrimento. Nós podemos sim burlar a mente, a energia, e mastigar a crise como quem mastiga um pedaço de gelatina light, baby. Como?
Bom, meu amigo sábio metia os dedos no violão e cantava suas canções mais medonhas e dramáticas. Ele é intenso, gosta de sentir tudo de uma vez, chorar numa noite por todas as passadas com a “ciclana” e no outro dia estar inteiro. Eu chamaria isso de “terapia de choque”, mas funciona. Testada e comprovada pela Menina-Maniva. Mas se você tem coração mais mole que a tal gelatina, melhor não se arriscar.
Existem formas mais leves de tratamento, para seus dentes sensíveis. Como ir ao shopping na promoção (isso se você estiver numa situação financeira estável e com um emprego seguro, por favor!), ou então fazer rapidamente um Profile no Orkut-coisa que você sempre odiou- porque vai que encontra alguém inesperado pelas páginas virtuais? Boa pedida também pode ser comprar um livro feminista, que tal "Mulheres que correm com Lobos" ? Ah, tem ainda terapias super saudáveis, mas essas são num período pós-fossa, uma semana depois do ocorrido. Como entrar na academia, cortar o cabelo, sair para a balada numa terça feira...Mastigar a crise de batom vermelho e salto alto meu amor, é melhor ainda!
Mas de algo você não pode esquecer: A crise ainda existe e precisa ser superada. A terapia é um modo paliativo, um empurrãozinho para a dor começar a te abandonar, mas tudo depende da sua mandíbula, da força da sua mordida. Não adianta ir para a Rave Trance e ficar sentada. Mas também não precisa tomar três ecstasys para pirar o cabeção. Entende? A Menina-Maniva tem que ter autocontrole e auto-conhecimento. Sim, palavras difíceis para dores tão interativas quanto aqueles olhares profundos, aqueles corpos que se encaixaram, aquelas línguas quase que coladas. Mas a alternativa então é inteirar-se sobre si mesma. A próxima dor vai ter que aterrizar em outro campo, desconhecido ainda, um novo sabor para o paladar. Então você deve pensar: “Mas que maravilha, vou descobrir mais uma alternativa terapêutica!”. E assim o mundo vai aturando a dor, junto com as glórias e angustias, com encontros e fugas dessas substâncias desconhecidas. O nosso repertório de emoções tende repetir, tenta lidar do mesmo jeito com a sensação nova de dor. Então a gente só sai do lugar quando percebemos que já não estamos no mesmo lugar.
Por isso, eu lanço aqui a sugestão de terapias que tem que ser mais internas que externas. São fugas para dentro. É como inventar um prato com o nosso nome, e "se comer" com maior vontade. Mas isso sem a menor perspectiva de ser a saída de todas as dores, ou nenhuma novidade para os psicólogos mais conceituados no mundo. É pura repetição mesmo, talvez para absorção mais ampla de tudo, afinal, é preciso mastigar bem para não engasgar. Se o alimento fica preso na garganta, sufoca. Então é preciso degustar com calma, ir até o fim de cada pedaço.

A Menina Maniva aprendeu a se alimentar sem exageros. Mas sabe que se algo não cai bem, ainda existe o "Sonrisal".

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