Menina Maniva

A que veio da mandioca, a parte venenosa, com muita clorofila, que precisa de sete dias para ser digerida. Isso porque não é qualquer um que encara a "pratada": Quente, calórica e pesada. Aparência nada amigável, sabor incomparável.

sábado, 5 de abril de 2008

Olha, foi jóia mas agora é miçanga


Foram jóias aquelas tardes com sorvete de chocolate. Eu pensei que elas teriam esse gosto doce e refrescante eternamente. Mas tardes geralmente tem fim e ele é bonito.
O crepúsculo, o céu e o sol: Dia quente o suficiente para derreter aquele sorvete.
A casa feita com cabelos escuros, com crenças espirituosas, deu lugar para um quarto de motel. Quarto bonito. Quarto escuro e espirituoso. Além das conversas, dos toques e carinhos, além do sono e do ninho, a nudez devassa da vida. Corpos entregues demais, gente leve sobre um lençol pesado de motel.
Eram jóias em estado bruto, sem muito colorido. Faltou pano na manga e sobrou lençol.
Os colares com miçangas pretas, formas roliças, guardavam o pescoço de quem gostava de ter o surpreendente como coleira. Colecionador de arte artesanal, fácil de arrebentar.
E a noite, sem brilho de estrelas, formou a luz do próximo dia. Ao acordar, foi coberta com pequenos raios de sol que brilharam feito jóia... Mas o colar solar não merecia aquele pescoço nu, tão devasso... Colecionadora de miçangas, com milhares de combinações para formar e depois, se quiser, arrebentar. Ah, esse desprendimento com as metáforas, essas lembranças irresistíveis. Orangotanga.

"Olha, foi jóia, mas agora é miçanga
Se tem pano pra manga, Orangotanga, vá ou eu vou."

Chico César cantou e alguém repetiu:
"Eu fui, foi jóia rara." Claro que foi.

A Menina Maniva gosta mais de jóias do que de miçangas, adora se enfeitar. E avisa: Tem alergia ao que não brilha com verdade, bijuterias de falsos quilates.

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1 Comentários:

  • Às 26 de janeiro de 2010 às 15:24 , Blogger Josiel disse...

    "Foram jóias aquelas tardes com sorvete de chocolate. Eu pensei que elas teriam esse gosto doce e refrescante eternamente."


    Isso, pra mim, é poesia em estado absoluto.

     

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