O porquê de tudo
Nunca quis ser jornalista. Não era um sonho de criança. Meu pai não é jornaleiro nem escritor, nem tão pouco me estimulou a ler muito e escrever. Também não venho de uma família de artistas, onde a música fazia parte das tardes ou as peças teatrais eram a programação dos finais de semana. Mas eu sempre gostei de gente, de todos os tipos.
Era a líder dos grupos de trabalho, a aluna mediana que sempre foi a queridinha dos professores porque adorava as dinâmicas de grupo, os concursos de poesia, maratonas de literatura, festivais de música. Eu gostava de ver gente e que toda gente também me visse. Então, primeiro decidi que seria “Artista”. A possibilidade de fazer a Alice-loira que corre atrás do coelho, mesmo sendo morena e com cara de índia, me encantou. E não larguei mais o vício de ser “várias” e, ainda assim, eu mesma.
Durante seis anos fiz parte de um grupo de teatro amador e me dedicava muito. Falar, brincar com as palavras, criar textos e improvisar me fazia mais feliz. Até que essa maravilhosa época de colégio acabou e me vi numa cidade (e num país) onde a arte como profissão não é muito valorizada. Medicina e Direito nunca passaram pela minha cabeça. Queria unir o amor pelas pessoas, pelas histórias e pelas palavras. Então o jornalismo, de início, foi a melhor opção.
Mas logo na faculdade me vi em um dilema: como fazer meu olhar de artista escrever com linguagem jornalística? Um professor trouxe-me a luz no fim do túnel: “Márcia,o espírito do jornalismo e a poesia, inclusive a de viver, não são excludentes, pelo contrário. Acontece, apenas, de ela precisar ser transmitida através da linguagem mais simples e direta o possível. Isso é um senhor desafio.” E eu aceitei-o.
Desde então, luto para colocar assim, como nesta página, um pouquinho de sabor nas reportagens que escrevo, anuncio ou edito, nesse começo de caminhada tão intenso. Ponho o sabor da rua onde vivo, das lembranças na memória, de tudo o que a língua degusta e nem sempre é decifrável. Falo dessa poesia de viver que não tem a pretensão de ir além do instante. E informar, para mim, é repassar esse instante com verdade, sem entregar o ouro que está no pensamento de quem lê, assiste e ouve. É deixar cada um terminar a história que a gente começou.
E eu, quem diria, comecei a ficar ansiosa um dia inteiro por aquela palavra que não caiu bem e passei noites acordada por um parágrafo que faltou, por uma respiração errada ou um tom perdido no meio da frase. Aí então, pude ver que essa arte é tão difícil quanto encarar uma platéia. Assim como o ator faz os chamados “laboratórios” para construir o personagem, eu preciso entrar no mundo de cada história que vou recontar. E improvisar pautas, maquiar com belas palavras gente comum, e ainda brigar por um lugar nesse palco tão cheio de egos.
A possibilidade de ser a voz de “vários” me pegou de vez. Perceber isso, me fez acreditar menos ainda em rótulos e testes de vocação. E quero ampliar essa paixão, aprender cada dia mais. Cair de pára-quedas numa redação de jornal impresso, como um bebê que acabou de sair da barriga da mãe. Ter a sensação incômoda e maravilhosa de ver a luz pela primeira vez, sem saber do longo caminho que ainda virá a seguir.
Essa profissão é apenas um dos meus sonhos grandes. E quero sonhá-lo de todas as formas, até a última gota de sono, para que no dia em que acordar, ter palavras suficientes para um livro, ou uma canção desastrada. Ou até, quem sabe, voltar para os palcos: “Monólogo de uma ex-jornalista” - Com Márcia Dantas, uma atriz cansada dessa vida de certezas.
É, eu nasci para ser “Jornar-tista”, já entendi. Aceito. Agora cabe a quem lê uma pitada de simpatia nos olhos. Não sou boa com pedidos. Ou como se diz pelo Twitter: #Ficadica,#Partiu.
Era a líder dos grupos de trabalho, a aluna mediana que sempre foi a queridinha dos professores porque adorava as dinâmicas de grupo, os concursos de poesia, maratonas de literatura, festivais de música. Eu gostava de ver gente e que toda gente também me visse. Então, primeiro decidi que seria “Artista”. A possibilidade de fazer a Alice-loira que corre atrás do coelho, mesmo sendo morena e com cara de índia, me encantou. E não larguei mais o vício de ser “várias” e, ainda assim, eu mesma.
Durante seis anos fiz parte de um grupo de teatro amador e me dedicava muito. Falar, brincar com as palavras, criar textos e improvisar me fazia mais feliz. Até que essa maravilhosa época de colégio acabou e me vi numa cidade (e num país) onde a arte como profissão não é muito valorizada. Medicina e Direito nunca passaram pela minha cabeça. Queria unir o amor pelas pessoas, pelas histórias e pelas palavras. Então o jornalismo, de início, foi a melhor opção.
Mas logo na faculdade me vi em um dilema: como fazer meu olhar de artista escrever com linguagem jornalística? Um professor trouxe-me a luz no fim do túnel: “Márcia,o espírito do jornalismo e a poesia, inclusive a de viver, não são excludentes, pelo contrário. Acontece, apenas, de ela precisar ser transmitida através da linguagem mais simples e direta o possível. Isso é um senhor desafio.” E eu aceitei-o.
Desde então, luto para colocar assim, como nesta página, um pouquinho de sabor nas reportagens que escrevo, anuncio ou edito, nesse começo de caminhada tão intenso. Ponho o sabor da rua onde vivo, das lembranças na memória, de tudo o que a língua degusta e nem sempre é decifrável. Falo dessa poesia de viver que não tem a pretensão de ir além do instante. E informar, para mim, é repassar esse instante com verdade, sem entregar o ouro que está no pensamento de quem lê, assiste e ouve. É deixar cada um terminar a história que a gente começou.
E eu, quem diria, comecei a ficar ansiosa um dia inteiro por aquela palavra que não caiu bem e passei noites acordada por um parágrafo que faltou, por uma respiração errada ou um tom perdido no meio da frase. Aí então, pude ver que essa arte é tão difícil quanto encarar uma platéia. Assim como o ator faz os chamados “laboratórios” para construir o personagem, eu preciso entrar no mundo de cada história que vou recontar. E improvisar pautas, maquiar com belas palavras gente comum, e ainda brigar por um lugar nesse palco tão cheio de egos.
A possibilidade de ser a voz de “vários” me pegou de vez. Perceber isso, me fez acreditar menos ainda em rótulos e testes de vocação. E quero ampliar essa paixão, aprender cada dia mais. Cair de pára-quedas numa redação de jornal impresso, como um bebê que acabou de sair da barriga da mãe. Ter a sensação incômoda e maravilhosa de ver a luz pela primeira vez, sem saber do longo caminho que ainda virá a seguir.
Essa profissão é apenas um dos meus sonhos grandes. E quero sonhá-lo de todas as formas, até a última gota de sono, para que no dia em que acordar, ter palavras suficientes para um livro, ou uma canção desastrada. Ou até, quem sabe, voltar para os palcos: “Monólogo de uma ex-jornalista” - Com Márcia Dantas, uma atriz cansada dessa vida de certezas.
É, eu nasci para ser “Jornar-tista”, já entendi. Aceito. Agora cabe a quem lê uma pitada de simpatia nos olhos. Não sou boa com pedidos. Ou como se diz pelo Twitter: #Ficadica,#Partiu.