Menina Maniva

A que veio da mandioca, a parte venenosa, com muita clorofila, que precisa de sete dias para ser digerida. Isso porque não é qualquer um que encara a "pratada": Quente, calórica e pesada. Aparência nada amigável, sabor incomparável.

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Noniçoba ?



Quem provou sabe que o gosto não é agradável, mas esta na boca do povo que faz bem a todo tipo de doença. A mais nova moda da indústria alimentícia de produtos naturais é a Morinda Citrifolia, popularmente conhecida por “Noni”. Essa fruta de aparência estranha,oriunda de terras Taitianas, da Polinésia Francesa,chegou no Brasil por volta de 2003, e já tem muita gente pagando para ver (literalmente) os resultados milagrosos prometidos pela fabricante norte-americana “Tahitian Noni”. A propaganda da empresa atribui a ele propriedades de cura das mais diversas doenças, que vão das simples dores de cabeça e estresse, até a cura da aids e câncer.
O produto é legalizado no Brasil e tem registro no ministério da saúde, mas a Agencia nacional de vigilância sanitária (ANVISA), proibiu a veiculação de qualquer propaganda do desde abril de 2004, por considerar que ‘os medicamentos são os únicos produtos que possuem e podem alegar propriedades medicinais ou curativas’, e o Noni ainda não possui comprovações científicas suficientes para ser anunciado.
No site oficial da empresa existem artigos divulgados por especialistas americanos que afirmam ter utilizado o Noni no tratamento de pacientes com cancêr, dizendo que ele é ótimo para o ‘revigorar o sistema imunológico durante a quimioterapia’ e também para pessoas com cancro, onde recomenda-se tomar ‘normalmente duas garrafas de suco por mês, mas há quem tome muito mais...’ O suco é composto 89% pela fruta noni, e os 11% restantes por uva,e outros ingredientes naturais.
No site, o fabricante ainda mostra-se “solidário” com os ‘menos favorecidos monetariamente’: “Devido a por vezes dificuldades monetárias, temos e ajudamos as pessoas, a terem o Noni o mais barato possível,caso queira tomar/experimentar o Noni, ou fazer o chamado "tratamento completo " e não tem condições de adquirir (cada garrafa, custa cerca de 51 euros - 155 reais ), contacte-nos por email”.
Mas essa indústria sabe como ser solidária e ao mesmo tempo lucrativa. Segundo dados divulgados pela própria empresa na internet só em 2002 o faturamento chegou a cerca de 500 milhões de dólares em vendas no mundo todo.
No pará a divulgação está só no começo, e como o povo daqui já é acostumado com essas "mandingas" naturais, chá disso, banho daquilo, parece que o Noni vai virar moda. O que já se sabe mesmo é que faz um bem danado para o bolso. Quem viaja de carro está acostumado a ver nas estradas próximas da capital faixas anunciando o valor do suco Noni, e é possível encontrar até promoções de 75 reais o litro por esses estabelecimentos de beira de estrada.
No orkut já possível encontrar a comunidade “Noni Belém”, a única que relaciona uma cidade com os consumidores da fruta. São cento e vinte quatro pessoas que discutem os benefícios do suco no seu corpo e fazem negócio, revelando onde encontrar o litro mais barato na cidade. Alguns participantes também anunciam suas “garrafadas”, e tentam encontrar parceiros para o negócio.
E como paraense também tem mania de regionalizar tudo, daqui a pouco inventam a "Noniçoba".
Eu não me arrisco não. Não troco minha maniva por nada.

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segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Manivando na Chiquita

O ELOY É DA CHIQUITA OU A CHIQUITA É DO ELOY ?

A festa já tem a cara dele.Vestido com plumas brancas e um corpete dourado, que vinha com uma espécie de asas, Eloy Iglesias só faltou voar em cima da multidão. No sábado antecedente do Círio, a Praça da República brilhava e cantava junto, na voz dele, os ídolos : Cazuza, Cassia Eller, Renato Russo...

Mestre de cerimônia e organizador-fundador da festa, Eloy tem orgulho de depois quase trinta anos, ter conseguido organizar e desmarginalizar a Chiquita: “Essa festa é a maior prova de amor que os gays poderiam fazer para a Nossa senhora, eu não vejo nada de profano nisso. Somos livres e a nossa fé também. A Chiquita é um território livre, aberto a todas as crenças e tendências”, desabafa.
No camarim ele atendia atentamente todos os jornalistas, fãs e amigos que puxavam assunto. E disparou: “Vocês universitários tem que se colocar, essa coisa de aparelhagem faz de vocês idiotas...vocês tem é que estudar e prestar mais atenção na vida.”
Então vamos ao que interessa:


Como surgiu a idéia da festa ?

Eloy: Era um encontro de amigos gays no começo, a gente se reunia no bar do parque, tomava uma cerveja e falávamos besteiras. Em 1976, quando teve o seu início, não passava de uma reunião de artistas, intelectuais e jornalistas.Depois a coisa começou a se espalhar...Quando vi já tínhamos uma legião de gente entrando nessa história.

E como você vê hoje a festa com tanta gente que vem só por diversão ou curiosidade, que não é necessariamente GLBT?

Eloy: Acho lindo, porque é uma prova que conseguimos chegar a sociedade de alguma forma, começar a acabar com esse preconceito imbecil. E acho que o gay esta aprendendo cada dia mais a se colocar e as pessoas também estão mais abertas para compreender o nosso mundo, que é o mesmo mundo de todos.

E como você se sente sendo o “patrono” de tanta gente, servindo de exemplo de liberdade sexual ?

Eloy: Mana, eu me sinto muito feliz, me preparo todo ano, escolho a roupa mais luxuosa, vou lá canto, passo a nossa mensagem. Liberdade sexual é tudo, mas tem que ter informação, e é isso que a gente está se preocupando agora, em levar para a comunidade GLSBT essa consciência. Nem tudo é só festa, não.

Ainda tem quem queira “boicotar” a festa da Chiquita ?

Eloy: É o que mais tem. A festa sempre incomodou o lado conservador e reacionário da comunidade católica de Belém, que ainda não digeriu a máxima de Dalcídio Jurandir, que interpretou o Círio de Nazaré como um carnaval devoto. A Festa da Chiquita, é o lado carnavalesco do Círio.

E para terminar : O Eloy é da Chiquita ou a chiquita é do Eloy ?

Eloy: Eu sou de todos, meu corpo é do mundo. A Chiquita tem vida própria, não depende mais de mim para acontecer...E quer saber ?Ninguém é de ninguém!

Pois então,depois de gargalhadas altas, cantando a "Chiquita Bacana", Eloy sai do camarim e vai para o palco terminar o que começou: "Pega fogo cabaré!", anuncia.


E a Menina Maniva foi engrossar o caldo, misturando-se a multidão.


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domingo, 21 de outubro de 2007

Mexendo a panela

Um ser verde põe a cabeça para fora da panela e grita:

-Quanto tempo falta para ficar pronta ?

Eu respondo:

-Toda uma vida, vai fervendo aí, sem pressa.

O ser verde por natureza era ansioso demais, estava cansado de nunca ser visto como algo pronto, "verde-não maduro". Rebelou-se e pulou da panela quente.
Ao sair sentiu um frio tão grande que seu corpo paralizou, não conseguia dar um passo sequer.

-A maniva é verde-quente. Mãe da terra, mãe do veneno. Quem não espera morre pela boca. Quem não cozinha morre pelo despreparo.

O ser verde não morreu. Se jogou em outra panela correndo o risco de ser temperado com aquilo que não é de sua natureza.

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