Mi-galhos da memória
Quase cheguei ao fim da rua, a mesma dos tempos de escola. A rua que não era rio, mas eu ria de sua maresia. A rua que tanto naveguei e desaguei.
Sempre tive problemas com direções, mas pouco me perdi. Se o sentido me faltava, o instinto me guiava, e assim seguia, sem medo de não olhar para os dois lados.
Na direita, uma calçada com sombra, e uma enorme fila de táxis. Na esquerda, um aperitivo de glamour para os olhos, vitrines, e bancos que quase ninguém senta. Eu estou de passagem.
Sabe quando algum olhar cruza, e você pensa que reconhece a íris do olho? Estou sendo poética demais. A única "Íris" que conheci, era uma moça chata da padaria que nunca me dava o troco corretamente. Mas para mim o que importava mesmo era quantos pãezinhos de queijo tinham no saco de papel.
Eu tenho boas lembranças daquele tempo de descobertas, quando um sonho, numa única noite, podia mudar os rumos do coração. Meus instintos comandavam desde cedo, foi difícil tentar controlá-los, junto com a boca, que ora comia demais, ora falava exageradamente.
Passando pelo antigo prédio, vi o jardim e a mesinha de centro. Foi lá que um menino de olhos verdes apaixonantes, me disse que se emagrecesse 10 quilos namorava comigo. Foram 3 anos de paixão solitária sem perder um quilo sequer. Os numerais nunca fizeram muito sentido na minha vida, a não ser os cardinais, estrelares, impulsos cardíacos. Quase sempre perco as contas.
Alguns suspiros e mais uma esquina. Agora sinto que sei caminhar com firmeza, e a rua não é mais a mesma. Levantar a cabeça. Parece que crescer nos obriga a criar rumos, que nem sempre são aqueles, tão espontâneos, como escolher entre o escorrega-bunda e o balancinho. Eu gostava mesmo era de olhar pro chão, pisando com um pé dentro do mosaico da calçada, outro fora, e assim ia brincando de amarelinha, sem regras, sem perder a passada. Olhar para frente era monótono.
Sempre tive problemas com direções, mas pouco me perdi. Se o sentido me faltava, o instinto me guiava, e assim seguia, sem medo de não olhar para os dois lados.
Na direita, uma calçada com sombra, e uma enorme fila de táxis. Na esquerda, um aperitivo de glamour para os olhos, vitrines, e bancos que quase ninguém senta. Eu estou de passagem.
Sabe quando algum olhar cruza, e você pensa que reconhece a íris do olho? Estou sendo poética demais. A única "Íris" que conheci, era uma moça chata da padaria que nunca me dava o troco corretamente. Mas para mim o que importava mesmo era quantos pãezinhos de queijo tinham no saco de papel.
Eu tenho boas lembranças daquele tempo de descobertas, quando um sonho, numa única noite, podia mudar os rumos do coração. Meus instintos comandavam desde cedo, foi difícil tentar controlá-los, junto com a boca, que ora comia demais, ora falava exageradamente.
Passando pelo antigo prédio, vi o jardim e a mesinha de centro. Foi lá que um menino de olhos verdes apaixonantes, me disse que se emagrecesse 10 quilos namorava comigo. Foram 3 anos de paixão solitária sem perder um quilo sequer. Os numerais nunca fizeram muito sentido na minha vida, a não ser os cardinais, estrelares, impulsos cardíacos. Quase sempre perco as contas.
Alguns suspiros e mais uma esquina. Agora sinto que sei caminhar com firmeza, e a rua não é mais a mesma. Levantar a cabeça. Parece que crescer nos obriga a criar rumos, que nem sempre são aqueles, tão espontâneos, como escolher entre o escorrega-bunda e o balancinho. Eu gostava mesmo era de olhar pro chão, pisando com um pé dentro do mosaico da calçada, outro fora, e assim ia brincando de amarelinha, sem regras, sem perder a passada. Olhar para frente era monótono.
É duro lutar todos os dias para manter a espontaneidade, os sentidos aguçados, o passo a esmo. Direções são para ruas e não para gente. Gente precisa de emoção para seguir e de raízes fortes para subir. Caminhos tortos por linhas certas.
Na última esquina da rua, dobrei na transversal.
A Menina Maniva cresceu sem adubos, porém chuvas e trovoadas, sol e vento, alteraram os rumos dos galhos. A natureza de planta decide as direções, mas a poda é feita por mãos humanas.